O Prof. Dr. Flávio Bastos iniciou sua apresentação revelando que Maria Rita Kehl, que coordenou o ‘GT Indígenas e Camponeses’ na Comissão Nacional da Verdade, foi uma das principais fontes em seus trabalhos de pesquisa. E destacou a grande importância dos trabalhos desenvolvidos pela Comissão. Bastos expôs de forma simples e clara sobre como foi o período da ditadura civil-militar para os povos indígenas. Como resultado de seu doutorado em Direito Político e Econômico, o Prof. Flávio publicou o livro “Genocídio indígena no Brasil: o desenvolvimento entre 1964 e 1985”. E entre outras tantas publicações do tema, integra também a lista de autores do livro “Povos indígenas: prevenção de genocídio e outras atrocidades”, uma publicação digital de artigos organizada pelo Grupo de Trabalho Prevenção de Atrocidades Contra Povos Indígenas, da Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do Ministério Público Federal.
Ao final da fala do Prof. Dr. Flávio Bastos, tivemos a positiva surpresa da chegada de Maria Rita Kehl. Ela contou que foi indicada à Comissão Nacional da Verdade pelo MST (Movimento Sem Terra), por conta de um trabalho de atendimento que ela realizava na escola do Movimento, em Guararema. E, pela intimidade com as histórias de vida daqueles pacientes e suas famílias do campo, ela optou pelo trabalho com os camponeses. E surpreendeu dizendo que, quando assumiu a coordenação do GT na Comissão Nacional da Verdade, não tinha nenhum conhecimento da questão indígena. Aproveitamos da presença de Maria Rita Kehl e pedimos uma introdução à temática da vida e luta dos camponeses durante a ditadura civil-militar no Brasil.
Para encerrar a exposição, os camponeses Alane Lima e Weverton Rodrigues, presidenta e educador popular do “Memorial das Ligas e Lutas Camponesas”. O historiador Weverton começou contextualizando o processo de organização pelo qual a liga dos camponeses passou, apresentando uma completa cronologia histórica entre 1944 e o Golpe de 1964. E Anale Lima explorou mais a história do Memorial, localizado em Sapé, na Paraíba. A presidenta também mostrou fotos da instituição, visitações de estudantes e associações parceiras, ações educativas e sociais, e falou sobre as estratégias de trabalho para manter um museu de memória.
Cesar Rodrigues conduziu o evento no vídeo, e Chico Monteiro no chat dos participantes, sempre sagaz com as referências. Elementar para nossos debates, Maurice Politi, diretor do Núcleo Memória, também esteve presente. Todo o curso “Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil” é promovido pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, com o apoio da OAK Foundation e do Núcleo de Formação Cidadã da Universidade Metodista de São Paulo.
Corrigindo a data, a próxima e última aula do curso está prevista para sábado que vem, dia 20 de novembro. Nos vemos lá!
Relatório da Comissão Nacional da Verdade - http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/
Relatório do GT da CNV sobre Graves Violações de Direitos Humanos no Campo ou Contra Indígenas http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/images/pdf/relatorio/Volume%202%20-%20Texto%205.pdf
Perfil do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas no Facebook https://www.facebook.com/MemoriaCamponesa/
Para conferir a sétima aula na íntegra, basta clicar neste link: https://www.youtube.com/watch?v=A6370O39Vb8.
SOBRE O CURSO
O curso “Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil” visa promover o aprofundamento e a discussão sobre a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985) e o período atual, e refletir sobre a pedagogia dos lugares de memória, considerando que o olhar sobre o patrimônio carrega potencialidades de traçar paralelos entre passado-presente e estabelecer diálogo sobre a democracia brasileira, o momento político e os direitos humanos na atualidade.
O curso buscará refletir sobre a ditadura brasileira e a política contemporânea, e abordará o conceito sobre lugares de memória. Apresentará experiências internacionais, nacionais e da cidade de São Paulo sobre as políticas de memória e de preservação a partir das experiências de musealização, das perspectivas e dos debates em torno desses espaços-símbolos, tais como o edifício sede do Deops/SP (atual Memorial da Resistência de São Paulo), o edifício das antigas Auditorias Militares (Memorial da Luta pela Justiça) e as dependências do antigo DOI-Codi (atualmente 36ª Distrito Policial da Vila Mariana), dentre outros.
A realização do curso “Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil” é totalmente online por razões de segurança, em decorrência da pandemia. A transmissão é feita através do canal do Youtube do Núcleo Memória.